CONTEXTO DE DIVERSAS ÉPOCAS VIVENCIADAS
A nossa utopia veio para um impulso e como uma guia, da influência natural do movimento natural internacional da Contracultura que influenciou o espírito de nossa juventude e ainda nos inspira nas suas novas formas e linguagens até hoje.
Este movimento tomou mais presença, forma e expansão nos anos 80 e 90. Inúmeros escritores, ativistas, cientistas e profundos estudiosos de muitos continentes inspiraram diferentes movimentos e profissões. Abordaram diversas áreas na forma de pensar e de agir que levaram a transformações essenciais, trazendo mais liberdade e criatividade, influenciando assim profissões e escolas de forma consistente e abrindo o caminho para colocar o foco na “consciência.
A busca pelos círculos de crescimento pessoal, o melhoramento da qualidade de vida nas empresas, o interesse e ativismo pelos direitos humanos, o sentido espiritualizado sobre a vida, o início de um conhecimento sobre Ecologia Profunda, a aproximação aos conhecimentos ancestrais e uma visão humanista contrastam com os impactos do crescimento do capitalismo sem limites e da cultura que esta corrida impõe. Isso gerou sempre poucas escolhas qualitativas e inúmeras formas de amarras dos indivíduos a um sistema imposto sem vocação humanista, desperdiçando talentos e potenciais de indivíduos e de regiões, deturpando o sentido de crescimento econômico, desconsiderando a função da natureza e descuidado do aperfeiçoamento da sociedade para um sentido de bem comum e planetário.
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No Brasil dos anos 80 emergiu um movimento natural saudável em favor da dignidade da vida que passou a contestar com ações positivas todo tipo de controle da liberdade. Desse novo lugar grupos de afinidades e novas tendências se somaram num caminho em prol da saúde natural, pela educação consciente, fortalecendo o sentido de cooperação, do acolhimento à diversidade. Realizando eventos multiculturais nacionais e internacionais, o foco foi despertar a consciência ecológica e um sentido natural de espiritualidade ante a vida, para poder potencializar um sentimento planetário, além do familiar e do ser nacional.
A ecologia passou a inspirar diversas profissões, empresas e setores sociais. Muitos deles abraçaram a “Agenda 21” criada a partir do Encontro Internacional Eco 92 no Rio de Janeiro, tempo em que nos envolvemos nesta proposta de caminho e visão.
Em seguida os temas relevantes da Agenda 21 começaram a ser discutidos na sociedade pelos próprios cidadãos, nascendo a partir dali iniciativas e grupos práticos que queriam dar qualidade e valor à sociedade dentro de todos os seus setores. Um sentido de respeito à diversidade nesses tempos nos aproximou dos encontros de diálogos com aprofundamento.
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Essas mudanças foram inspiradas por um movimento natural pensante e atuante que praticava o que se passou a chamar do “Despertar da Consciência”, no qual pensadores, místicos, políticos, cientistas, homens e mulheres com visão mais holística e artistas criativos de diversas partes do mundo escreveram seus livros, tomaram as rédeas da cultura para que esta fosse reavaliada e melhorada, extraindo o mais essencial e partindo para a reinvenção.
Aconteceu uma alavanca na vida moderna ocidental pela convivência social e a aproximação a novos estudos contemporâneos: científicos, filosóficos, espiritualistas. Somaram-se as práticas corporais orientais que influenciaram profissões e ambientes onde a corporalidade, a alimentação, as artes já não seriam praticadas da mesma forma, passando-se a ampliar o caminho de Desenvolvimento Pessoal e a própria Qualidade de Vida.
Religiosos do mundo passaram a se encontrar ecumenicamente quebrando fronteiras e surgiram diversas linguagens espirituais que partiram da vivência do coração e de se sentir parte da Mãe Terra, trazendo vivência e alegria pela aprendizagem do novo após os anos difíceis onde houve o controle da expressão e das livres escolhas.
Caciques representando suas tribos trouxeram seus ensinamentos às cidades em encontros sociais diversificados. Pessoas urbanas partiram para realizar experiências nas florestas, em tribos diversas, em algumas comunidades alternativas, enquanto as instituições, ONGS ou líderes realizavam pontes com estudos e práticas multiculturais que apontavam para outra realidade de consumo, ética de mercado e de escolhas individuais.
Esses caminhos agiram de formas silenciosas e expressivas à procura de um pacifismo, que integrou naquele momento a educação e autoconhecimento voltado ao Ser.
Destes tempos de transições positivas e negativas emergiram diversas formas de comunidades com o interesse pela experiência grupal real e cotidiana: grupos com desenvolvimento de temas relevantes e uma atração por eventos internacionais com sentido ativista vindos na forma de congressos, imersões, cúpulas sobre meio ambiente, retiros, celebrações, celebrações temáticas com abordagens referentes a direitos humanos, sociedade, proteção do meio ambiente, que ofereceram materiais e vivências para fomentar o envolvimento de grupos de cidadãos e organizações.
Um evento chamado “Projeto Omame” foi exemplo de organização com autogestão e ativismo, do qual um de nós fez parte no grupo “Dança das Aldeias”, que integrava um grupo maior de 40 artistas internacionais. O foco foi um trabalho de sensibilização da sociedade em Brasília e como um chamado para preparar cidadãos para a conferência climática da futura Eco 92 no Rio de Janeiro. Isto foi um marco forte para compreender que existia um mundo que procurava uma mudança. Isto ficou como semente na alma, daí para frente o pensamento era: “Somos mais”, “Somos muitos”, “Podemos fazer algo”.
Isso tudo foi base para, nas décadas seguintes, os esquecidos ou não vistos da sociedade passarem a ser integrados e o início da consideração de qual seria o legado da época para as próximas gerações.
Nesse ciclo, já distante do primeiro “impulso de quebra” da época do movimento hippie, estas novas gerações pensaram em vivenciar uma mudança realizada pelas próprias mãos, considerando desta vez a vida do planeta, observando o uso sustentável dos recursos naturais, e o começo de uma economia doméstica ética. “Diminuir impactos” era a frase chave dos anos 90-2000.
Formas de conexão interior deram lugar à procura por uma corporalidade saudável, bem como expressiva, emergindo diversas formas de artes e produções e dinâmicas de grupo.
O impulso e tendência às guerras no mundo foram contestados com formas de pacificação ideológica e pelas experiências sensíveis. Foi o auge do surgimento de novas profissões e especialidades holísticas, cujo olhar era cuidar da “integridade” humana e não mais dos clássicos aspectos sintomáticos ou do status profissional.
Abriram-se os círculos fechados de cada profissão, dos ambientes de estudos, do que antes era guardado em segredo nas tribos, nos estudos esotéricos, em certas bibliotecas. A curiosidade estava em alta. Tudo isto aconteceu antes da chegada da tecnologia dos computadores e dos celulares em casa.
Novas utopias foram escolhidas dentro de um visível novo paradigma emergente. Muitas pessoas seguiram estes caminhos criando institutos, projetos, terapias. Influenciaram políticos, empresas, escolas, etc.
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Nestes tempos relatados acabamos conhecendo muitas pessoas com diversas formas de ganhar seu sustento de forma criativa e mais próxima à sua vocação pessoal, que assumiram, elas mesmas, as conseqüências de se afastarem do que era por costume imposto, para desenharem seus caminhos.
Aprendemos a dar a volta por cima dos obstáculos vindos por “andar do lado do sistema, mas não totalmente dentro do sistema”. Sabemos que sempre podemos escolher, conquistar algo, errar e concertar e seguir enfrente sem amarras. Esso é parte da educação em Arawikay.
Aprendemos que para encontrar soluções, precisamos ter um pensamento positivo e que o ser humano é capaz de dar um enorme salto qualitativo no seu crescimento se despertar a sua consciência ecológica, o que leva a entender melhor o ecossistema.
Nós na vida, como muitos no mundo, variamos em Arawikay as nossas formas de utilizar as profissões envolvendo-as com outras abordagens. Damos valor aos talentos e habilidades como o “primeiro banco” de recursos próprios e trabalhamos considerando novos conceitos e práticas que viemos aprendendo ao passar pelos diversos círculos. A troca de abordagens nas convivências foi e é essencial.
Descobrir o nosso ser e contribuir para que cada pessoa entenda o seu ser é o chamado a vivenciar Arawikay, onde com poucas palavras durante a estadia e com mais dinâmica estimulamos as pessoas a se conhecerem de outra forma, a aprofundarem o sentido do “ter e fazer” com mais respeito ao planeta e aprender a “estar” com os outros para um melhor entendimento da nossa humanidade.
Esta é a nossa escola natural de Vida e honramos o trajeto já vivenciado, o especial contexto das épocas dos 80 a 2000 e a aprendizagem seguinte destes 20 anos dentro de um cotidiano de vida natural rural entre as florestas, cultivos e boas convivências dos programas.
Estamos a caminho sempre…